quarta-feira, 23 de junho de 2010

INÉRCIA MENTAL Filosofias sobre a vida e as bananas

Redundância e Arrogância






Título Alternativo: A Arte de Enrolar e Fazer uma Gororoba Compreensível
Superação. Força. Determinação. Vontade. Extermínio. Raiva. Virtuosismos. Aleatoriedades. E qualquer coisa que não tenha nexo será postada neste artigo. Na verdade será um post dedicado à defesa da redundância. Pra que adiantar logo no primeiro parágrafo qual será o tema? Boa pergunta. Mas entonces, vim aqui falar do manifesto a favor da redundância, do pleonasmo e da repetição desenfreada de pensamentos, frases, palavras, sentenças, termos e idéias. O motivo? Escassez de inspiração e vontade de postar.
Não há qualquer registro na história do homo sapiens sobre uma suposta intervenção a favor da redundância. Razões para nenhuma pessoa ter levantado uma bandeira favorável à repetição? Demonstrava falta de conhecimento, repertório, vocabulário e acima de tudo isso, bom senso. Hoje em dia não demonstra nada, isso porque é usada para reforçar alguma idéia, deixar claro algum argumento. Muitas vezes a pessoa que usa tal ferramenta lingüística é vista como chata, antagônica, ou melhor, a antítese da criatividade e da expressão verbal. Sinais de uma era? Sem dúvida. Isso é um sinal apenas, um sinal que reflete o comportamento de uma sociedade que deseja ter tudo na ponta da língua, no imediatismo do cérebro que, ironicamente, essa mesma sociedade não consegue acompanhar e depois reclama.
Assimilar o máximo de conteúdo no menor tempo possível e em seguida, continuar esse processo de aspiração-mental e repetir esse processo até dar pane na cabeça. Pane essa conhecida por, estresse. Estresse esse provocado por causa de toda essa atitude de querer saber tudo da maneira mais frenética possível, independente do esforço que tenha de ser feito para alcançar uma suposta “superioridade” intelectual. E essa alteza do intelecto tem o intuito de quê exatamente? Einstein diria que é um passo à frente do restante da população, eu acho que pode-se adicionar a isso toda uma ideologia que funciona 24 horas por dia. Uma ideologia que em tese, deveria ser fixa, ao menos em seus pilares que sustentam os princípios argumentativos, mas que revela-se por ser uma ideologia em mudança constante. Uma ideologia que mistura elementos do senso comum e da personalidade própria da pessoa. A meta? Expelir originalidade. “Não somos iguais aos outros, somos iguais à nós mesmos, à nossa própria consciência!”
A obrigatoriedade da interação social provoca esse tipo de pensamento? Eu diria que tem sim sua parcela de culpa, mas restringe-se a uma fatia pequena, o restante tem envolvimento com paradigmas, dogmas, convenções e arrisco dizer, fetiches ideológicos próprios de cada pessoa, o lado mais podre em algumas pessoas e ao mesmo tempo o lado mais genial. Neste artigo que eu estou redigindo, aqui e agora, percebo nitidamente o esforço em não ser repetitivo nas palavras. Posso atribuir isso à educação dada no colégio, a leitura do jornal, às conversas informais (?), à uma série de elementos do dia-a-dia que, querendo ou não, influem sim no modo de pensar. O único problema, a meu ver, é que essa influência é um tiro a queima roupa no inconsciente humano, uma parte de nossa mente que a gente não controla e nem sabe o que está armazenado lá, só sabe que está. Sim, o subconsciente também aloja abobrinhas e genialidades cotidianas.
A repetição remete à igualdade e em tempos onde o mandamento é ser diferente, ser redundante é causar estranheza. “Cara, para de repetir essa frase, você tá tirando minha concentração!” Até onde eu me lembro, a gente assimila as coisas afirmando e reafirmando elas, reforçando uma idéia para que o conceito dela se solidifique em nosso intelecto e passe para nós segurança ao tratar dele em público. O problema é que repetição que vem de fora, distrai, no sentido de nosso cérebro praticamente exigir que levantemos o freio-de-mão-mental e façamos uma pausa imediata na relação idéia/compreensão/assimilamento.
Alguma explicação para a mania que eu tenho de criar rimas nos títulos dos posts? Ainda hei de descobrir. Mas nesse caso, chego na conclusão que é a arrogância que tá atuando em jogo. Nada de ficar colocando a culpa no córtex cerebral e nos neurônios presentes nele. Quem comanda eles é a personalidade em questão. Então se alguma coisa tá podre, tá incorreta, essa tem que ser a personalidade da pessoa, responsável por explicitar publicamente quem a pessoa é em momentos simples da vida, em momentos de pressão e em momentos que, a própria pessoa não espera reagir da maneira que reage, meio que, descobrindo sua própria essência, ou como comumente costuma-se denominar, o seu eu interior.
Estamos combinados? Não. Quero mais redundância e menos arrogância. Vinda da minha parte mesmo.

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