quarta-feira, 28 de julho de 2010

Preciso Me Encontrar - Marisa Monte


Deixe-me ir

Preciso andar

Vou por aí a procurar

Rir prá não chorar...
Quero assistir ao sol nascer

Ver as águas dos rios correr

Ouvir os pássaros cantar

Eu quero nascer, quero viver...

Deixe-me ir

Preciso andar

Vou por aí a procurar

Rir prá não chorar...

Se alguém por mim perguntar

Diga que eu só vou voltar

Quando eu me encontrar...

Quero assistir ao sol nascer

Ver as águas dos rios correr

Ouvir os pássaros cantar

Eu quero nascer, quero viver...

Deixe-me ir

Preciso andar

Vou por aí a procurar

Rir prá não chorar...

Se alguém por mim perguntar

Diga que eu só vou voltar

Quando eu me encontrar

Quando eu me encontrar

Quando eu me encontrar

Depois que eu me encontrar

Quando eu me encontrar

Depois, depois

Que eu me encontrar

Quando eu me encontrar

Depois, depois

Depois que eu me encontrar...
 

Segredos


Preciso de outra história

Algo que saia do meu peito

Minha vida está entediante

Preciso de algo que eu não possa confessar



Até que todas as minhas mangas estejam manchadas de vermelho

De todas as verdades que eu disse

E que vieram honestamente, eu juro

Pensei que você tinha me visto por um instante, não, eu tenho andado à beira de um precipício, então
Diga-me o que quer ouvir

Algo que agradará os seus ouvidos

Cansado de todo ato insincero

Então abrirei mão de todos os meus segredos

Agora

Não preciso de outra mentira perfeita

Não me preocupo se as críticas nunca aparecem de uma só vez

Eu estou me desfazendo de todos os meus segredos

Meu Deus, é incrível como chegamos a esse ponto

Parece que estávamos tocando todas aquelas estrelas

Cujo condutor eram grandes carros pretos e brilhantes

E todos os dias eu vejo as notícias

Todos os problemas que poderíamos resolver

E quando uma situação aparece

Basta escrevê-la em um álbum

Sentado em linha reta, muito baixo

E eu realmente não goste da minha fluidez, oh,

Então abrirei mão de todos os meus segredos

Agora

Não há razão

Não há pena

Não há família

Eu estou me consumindo

Não me deixe desaparecer
Desfazendo de todos os meus segredos...

domingo, 25 de julho de 2010

Honestly, what would become of me?



Don't like reality, it's way too clear for me

Really, life is dandy, we are what we don't see

We miss everything daydreaming
Flames to dust, lovers to friends

Why do all good things come to an end?

Flames to dust, lovers to friend...

Wondering if I'll stay young and restless

Living this way, I stress less...

Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que... é o quê??


Como dizia  Charles Chaplin:

Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.

 

sexta-feira, 23 de julho de 2010

I Lost My Mind...




Amigos, hoje perdi o dia.

Assim disse o imperador uma noite, lembrando-se de não ter feito nenhuma boa ação naquele dia.(Citado em Suetônio, Vida do Césares, Tito, 8).Tito, imperador romano.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Trabalho Voluntário...


Ajudar ao próximo é a nossa prioridade !!!


Vamos ajudar, galera !!! Se cada um fizer um pouquinho a gente pode mudar muita coisa e fazer muita gente feliz.



Não esqueçam de que o meio-ambiente também necessita de nossa ajuda, pro nosso próprio benefício. Voluntários são fundamentais no reflorestamento, na limpeza e na preservação da natureza. Colaborem !
 
 
Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor... Não permita que alguém saia de sua presença sem estar melhor e mais feliz.

"O QUE ME PREOCUPA NÃO É O GRITO DOS VIOLENTOS, É O SILÊNCIO DOS BONS."
(Martin Luther)
 
Sempre há um amanhã e a vida nos dá sempre mais uma oportunidade para fazermos as coisas bem, e temos que aproveitar cada oportunidade. O Mestre na arte da vida faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu lazer, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um corpo do outro. Ele simplesmente persegue sua visão de excelência em tudo que faz, deixando para os outros a decisão de saber se está trabalhando ou se divertindo. Ele acha que está sempre fazendo as duas coisas simultaneamente.
 
Não posso imaginar que uma vida sem trabalho seja capaz de trazer qualquer espécie de conforto. A imaginação criadora e o trabalho para mim andam de mãos dadas; não retiro prazer de nenhuma outra coisa.
(Sigmund Freud)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

. onde uma noite apenas dura todo o sempre.



Cada pessoa uma incógnita a ser decifrada...

Cada situação uma possiblidade de fazer o melhor ou deisistir e dar-se por vencido.



"Ando com uma caixa de interrogações em uma mão e um saco de possibilidades na outra".



Cada dia um novo desafio...

Não desviar do objetivo, focar no resultado é fundamental.



  • Desejo saber quanto de mim, há em ti?
  • Quanto de nós há em cada parte?
  • Quanto de cada parte, desejas?
  •  Quanto de ti, há em nós?
  •  Quanto do quanto há em nós?



Há uma terra a leste do coração,

meu amor,

para lá dos mundos naufragados,

à esquerda da esperança.



Um lugar onde o veneno da medusa

é bebido em cálices nocturnos,

e onde os adolescentes

nadam

com os primeiros golfinhos da manhã.



Não tem nome nem mapa nem rota,

é uma terra de vento e luz,

onde Deus está por inventar,

e o Demo não desembarcou ainda

com as suas filhas de prata.



É uma pulsante ilha no meu peito,

escuta-a, amor,

a terra onde poisarás a fronte,

e onde uma noite apenas

dura todo o sempre.



( João de Mancelos, in Alma Azul )

domingo, 11 de julho de 2010

Instinto assassino...


Um estudo recente chegou a uma conclusão polêmica: samos (quase) todos assassinos em potencial. Ou você nunca quis matar alguém?



Você já teve vontade de matar alguém? Imaginou em detalhes como ia fazer isso? Chegou a pesar os prós e contras e, obviamente, percebeu que não fazia sentido (afinal, além de contrariar seus princípios morais, o risco de ser pego e o custo seriam muito grandes)? Bem, se você respondeu sim a essas perguntas, saiba que não está sozinho. Segundo o maior estudo realizado sobre fantasias homicidas, 91% dos homens e 84% das mulheres admitiram já ter pensado (em minúcias) como se livrar de outra pessoa. Sim, você leu bem. A esmagadora maioria dos 5 mil entrevistados (entre os quais 375 assassinos) confessaram esse fato, o que levou o coordenador da pesquisa, David Buss, chefe do Departamento de Psicologia Evolutiva da Universidade do Texas, a concluir que a capacidade de tirar a vida é uma característica comum a todos os seres humanos, resultado da seleção natural. Além das conversas ao vivo, a equipe ainda fez uma inédita análise de 429729 relatórios do FBI, a polícia federal americana, e transformou os resultados no livro The Murderer Next Door ("O Assassino Mora ao Lado"), que foi lançado este ano nos EUA.
As conclusões são estarrecedoras e surpreendentes. Afinal, ninguém (exceto alguns psicopatas) admite que o homicídio seja uma prática socialmente aceita. Ao contrário, é um crime abominável. Para Buss, porém, a predisposição para cometê-lo "em determinadas circunstâncias" está nos nossos genes. "A capacidade de matar ajudou nossos ancestrais a sobreviver e a se reproduzir melhor. Como seus descendentes, carregamos essas adaptações e motivações que levaram ao sucesso deles", afirmou o cientista à super. Segundo ele, o assassinato tem sido uma solução eficaz para lidar com diversos problemas na história evolutiva da humanidade. "Quais são essas vantagens? Em primeiro lugar, o indivíduo que mata continua vivo para transmitir seus genes às gerações seguintes. O que é morto, não. Além disso, os descendentes da vítima – se existirem – ficam mais desprotegidos e, se também não morrerem precocemente, saem de um ponto de partida desvantajoso na corrida pela reprodução e sobrevivência."

Passado e presente
Segundo a tese de Buss, historicamente o assassinato representou uma vantagem evolutiva. A violência ajudou os homens a conquistar status e recursos (comida, terra, ferramentas etc.) fundamentais para atrair e manter parceiras. Ou seja, na maioria dos casos o motivo que levava alguém a matar estava ligado direta ou indiretamente à reprodução. "Homicídios relacionados à reputação têm tudo a ver com questões genéticas, pois mulheres preferem homens de status", diz o pesquisador, para quem isso também explicaria por que homens matam muito mais do que mulheres – numa proporção que chega a 9 para 1 em algumas sociedades.
Hoje, muito dessa competição por status se dá no mercado de trabalho, no mundo dos negócios, nos esportes etc. E é óbvio que o assassinato raramente conduz alguém ao topo na civilização moderna, como o próprio Buss reconhece. "Mas a humanidade não evoluiu numa sociedade com código penal. Nossa psicologia foi forjada na fornalha de um ambiente evolutivo no qual a agressão às vezes era muito compensatória." Ou seja, atualmente algumas pessoas matam "por inércia", mesmo que isso não tenha mais compensações, inclusive do ponto de vista da seleção natural. O cientista acredita, porém, que "em situações-limite" – circunstâncias análogas às que no passado levaram o homem a se beneficiar da violência –, determinados circuitos cerebrais (os responsáveis pelo tal instinto assassino) podem ser ativados.
Isso quer dizer, então, que matar é aceitável ou desculpável, uma vez que é uma ação prevista em nossos genes? Como aceitar que a ciência trate com naturalidade uma atitude que nega o bem mais fundamental da nossa existência, a vida? Críticos da psicologia evolutiva costumam afirmar que ela dá uma importância exagerada à busca dos homens por parceiras para reprodução. E que isso reforça estereótipos sexuais, além de superestimar características inatas. Se você quiser acreditar nessa lógica, argumentam esses estudiosos, quase todos os comportamentos têm a mesma origem: o desejo sexual. Por isso, há quem coloque em dúvida inclusive as bases científicas da teoria levantada por Buss.
"Há muita especulação envolvida quando psicólogos evolutivos formulam hipóteses sobre os supostos anos formativos do cérebro humano", escreveu recentemente Amanda Schaffer, colunista de ciência da revista online Slate. Também o filósofo da ciência David Buller, da Universidade do Norte de Illinois, questiona a maneira pela qual Buss e seus colegas apresentam a cadeia de transmissão genética de padrões de comportamento – argumentando que nosso cérebro não é uma máquina de repetição de padrões, mas um organismo muito mais flexível e adaptável às condições presentes e às variações do ambiente e da comunidade.

Sobre homens e macacos
Algumas das idéias expostas por David Buss em seu livro não são novas e têm relação com teses bem mais antigas, que tentam achar explicações para a violência no mundo animal. Durante muito tempo acreditou-se que o homem era o único ser vivo capaz de matar deliberadamente um semelhante. O caráter pacífico de nossos parentes mais próximos, como os chimpanzés, era usado como argumento para justificar a tese de que o assassinato era um desvio de comportamento humano. Essa crença, porém, começou a ser questionada no início da década de 1970, quando a equipe da britânica Jane Goodall testemunhou por duas vezes chimpanzés invadindo a área de um grupo vizinho, na Tanzânia, para perseguir e matar com "requintes de crueldade", como descreveriam os repórteres policiais.
Também nos anos 70, Dian Fossey encontrou um filhote de gorila morto por um adulto macho em Uganda. "O exame do cadáver revelou 10 ferimentos de gravidade variável produzidos por mordidas. Uma delas tinha fraturado o fêmur do bebê e outra tinha perfurado seus intestinos", contou Fossey no livro que inspirou o filme Nas Montanhas dos Gorilas. Mais tarde, ela descobriu que, ao invés de ser um fato isolado, o infanticídio era regra na espécie. A agressividade entre primatas foi estudada pelo britânico Richard Wrangham, autor de O Macho Demoníaco – As Origens da Agressividade Humana, em que afirma que, do ponto de vista evolutivo, a violência extrema – e em especial o assassinato – foi uma estratégia que favoreceu tanto os chimpanzés quanto os humanos na cadeia evolutiva.
Nos dois casos descritos pela equipe de Goodall, os chimpanzés eliminaram os machos vizinhos, acasalaram com as fêmeas e aumentaram seu território e o acesso a importantes fontes de alimento – mas, ironicamente, acabaram assassinados mais tarde por outros indivíduos ainda mais fortes. No caso dos gorilas, depois do infanticídio as mães de filhotes mortos terminaram unindo-se ao agressor. Wrangham prefere ser mais cauteloso ao traçar paralelos com o comportamento humano. Para ele, nos dias atuais, os assassinatos que podem estar diretamente ligados à nossa herança evolutiva são os cometidos por grupos, como gangues ou exércitos (leia mais no quadro da página ao lado). Nesse ponto, o pesquisador admite que há de fato muitas semelhanças entre homens e chimpanzés. "Tanto uns quanto outros sentem que há uma justificativa para matar membros de comunidades vizinhas ou rivais", disse por telefone à super, de seu escritório na Universidade Harvard, nos EUA.

Pobreza e desigualdades
Mas onde se encaixam as questões sociais ligadas a aumento ou redução das taxas de homicídios, como pobreza e desigualdade, à cultura da violência em algumas sociedades, ao fácil acesso a armas de fogo e até à impunidade? É inegável a relação entres esses fatores e o número de assassinatos. Um estudo recente – embora ainda não tenha sido muito detalhado – mostra que em 2004, pela primeira vez em 13 anos, caiu o número de mortes por armas de fogo no Brasil. A queda coincide com a campanha de desarmamento liderada pelo governo federal, que retirou mais de 400 mil armas de circulação.
Basta olhar também para o mapa da violência nas grandes cidades para perceber a concentração de crimes com morte nas áreas de maior desigualdade social. David Buss não nega a ligação entre indicadores sociais ruins e o aumento do número de homicídios, mas garante que ela corrobora sua tese: pobreza e desigualdade aumentariam o número de homens dispostos a atos extremos para conseguir recursos e status – e, assim, atrair mulheres.
Mas, se todos estamos programados para matar, por que só uma ínfima minoria toma a decisão de fazê-lo? Segundo Buss, o assassinato é apenas uma de várias estratégias num cardápio de soluções possíveis para problemas de adaptação. "Felizmente, na maioria das vezes as pessoas usam meios não letais para resolvê-los." Ele destaca que, antes de tomar qualquer decisão, medimos as conseqüências, avaliamos o custo/benefício e pesamos as alternativas. E, como a seleção natural nos legou (além do instinto assassino) muitas ferramentas boas – altruísmo, amizade, auto-sacrifício, cooperação e tantas outras –, optamos na maioria dos casos por respostas positivas.
 pobreza.gif pobre image by punkfashion

Crime e castigo
Além disso, as penas severas impostas pelas sociedades modernas funcionam como uma importante forma de inibir a violência extrema. Há crime, mas também há castigo. Nas entrevistas conduzidas pela equipe de Buss, a justificativa mais freqüente para explicar por que as pessoas pensavam em matar, mas não chegavam às últimas conseqüências, foi justamente o medo de ser pego e de passar o resto da vida trancado numa cadeia. "Sem leis duras e penas de prisão longas, haveria muito mais assassinatos do que há hoje", diz o pesquisador. Princípios morais e religiosos também foram bastante citados, embora historicamente eles tenham se mostrado pouco eficientes para evitar conflitos regionais e guerras (na verdade, muitas delas nasceram e floresceram justamente com base em ideais defendidos por esta ou aquela religião).
Se você é dos que acreditam que depois de tantos séculos de vida em comunidade, com fantásticos avanços nas áreas da cultura e da civilização, o homem deveria ser capaz de controlar inclusive os traços deturpados de seu comportamento ancestral, há esperança. Até os psicólogos evolutivos admitem que, embora a informação genética esteja lá, muitas das circunstâncias capazes de desencadear o instinto assassino são facilmente controladas socialmente. "Matar não eleva o status de ninguém", exemplifica Buss. Os bons valores importam, sim. E muito.
87% dos homicídios nos EUA são cometidos por homens. E 75% das vítimas também são homens. Os números são similares na maioria dos países, Brasil inclusive.
Fonte: The Murderer Next Door, de David Buss

17,8 é o número de mortes por assassinato em cada 100 mil americanos entre 20 e 24 anos de idade. Na faixa dos 34 aos 39 anos,o número cai para 12 casos.
Fonte: The Murderer Next Door, de David Buss

106,3 habitantes, em cada 100 mil do bairro de Parelheiros, em São Paulo, foram vítimas de homicídio em 2000. No mesmo ano, a estatística no bairro nobre do Jardim Paulista foi de 3,6 casos em cada 100 mil habitantes.
Fonte: Homicídios no município de São Paulo: Perfil e subsídios para um sistema de vigilância epidemiológica, GAWRYSZEWSKI V.P. (2002).

• Venezuela - 22
• Brasil - 19,5
• Porto Rico - 17,4
• Argentina - 4,3
• EUA - 4
• Uruguai - 3,1
• Reino Unido - 0,07
• Japão - 0,02
• Egito - 0,02
A sensação de que se mata muito no Brasil não é uma invenção da imprensa. Mas pesquisas recentes mostram que, proporcionalmente, é baixo o número de assassinatos que ocorrem durante assaltos ou seqüestros (veja o quadro). A maior parte desses crimes é cometida por homens jovens contra homens jovens e envolve questões pessoais e algum tipo de defesa da reputação, honra ou status local. Na cidade de São Paulo, em 1995, apenas 6% dos homicídios de autoria conhecida e 21% dos homicídios de autoria desconhecida foram qualificados como latrocínio (roubo seguido de morte), segundo levantamento realizado pelo sociólogo Renato Sérgio de Lima para sua tese de mestrado na USP. "Os chamados conflitos interpessoais, categoria que inclui brigas em casa e nos bares, vingança, discussões privadas e toda sorte de disputas que não tinham nenhum tipo de relação com o crime organizado, responderam por 56% dos casos", diz Lima. Em outras palavras, mais da metade dos assassinatos envolve pessoas que não só se conhecem como competem de alguma maneira. Segundo o jornalista Bruno Paes Manso, que fez seu mestrado em ciências sociais na USP sobre o perfil dos homicidas paulistanos, "vingança e defesa da honra" são os dois principais motivos de assassinatos por "conflitos interpessoais" na periferia da capital. "Nesse ambiente tenso, vender-se como alguém que não leva desaforo para casa e não admite ser desrespeitado é fundamental. Muitas vezes o homicídio é uma forma de recuperar a honra questionada em público", avalia Manso, cuja tese foi lançada em livro com o nome de O Homem X.

Os motivos mais comuns para os assassinatos na Grande São Paulo. Dados de 1998 a 2000 do município de Diadema e das regiões sul e leste da capital.
• Problemas pessoais - 44
• Negócios ilícitos - 24
• Roubos e assaltos - 14
• Questões familiares - 8
• Outros - 10
Se a capacidade de assassinar está nos genes do homem e foi uma vantagem evolutiva, é isso que explica os homicídios coletivos, os massacres e as guerras? Segundo alguns psicólogos evolutivos, sim. Os guerreiros teriam tido mais sucesso em transmitir seus genes – e, com eles, a violência – às gerações seguintes. Além de eliminar rivais, os grupos vencedores se apoderaram de recursos dos vencidos.Guerras e invasões, por essa teoria, permitiram aos homens conquistar mais parceiras. A história está cheia de exemplos em que os machos do lado perdedor foram massacrados e as mulheres, poupadas – só para serem estupradas ou incorporadas ao grupo logo a seguir. O exemplo mais emblemático é o do conquistador mongol Gêngis Khan (1162-1227), notório assassino, a quem se atribui a frase "O maior prazer é eliminar o inimigo e deitar nas barrigas brancas de suas mulheres e filhas". Pesquisa recente conduzida pelo geneticista Chris Tyler-Smith, da Universidade de Oxford, mostrou que, em 16 populações na área do antigo Império Mongol, 8% dos homens – 16 milhões de pessoas – possuem um cromossomo típico da família de Khan. A nefasta história do sexo como espólio de guerra repete-se até hoje, em conflitos como o da Bósnia e de Ruanda. A natureza homicida estaria ligada ao imperialismo de todas as potências – da Roma antiga ao Império Britânico. Tal como um indivíduo, um império (liderado por homens) almeja sempre mais poder. Portanto, estamos condenados a viver sob conflitos? Talvez não. Segundo o antropólogo Richard Wrangham, da Universidade Harvard, há algo essencial para o desenvolvimento da violência coletiva: o desequilíbrio de forças. Bandos de homens só atacam quando têm a percepção – nem sempre verdadeira – de que podem sair ilesos. "Se mantivermos um relativo equilíbrio de poder, podemos esperar paz", acredita.

The Murderer Next Door — Why the Mind is Designed to Kill
David M. Buss, The Penguin Press, 2005

O Macho Demoníaco – As Origens da Agressividade Humana
Richard Wrangham e Dale Peterson, Objetiva, 1998 (esgotado)

O Homem X – Uma Reportagem sobre a Alma do Assassino em São Paulo
Bruno Paes Manso, Record, 2005

Adapting Minds: Evolutionary Psychology and the Persistent Quest for Human Nature
David Buller, The MIT Press, 2005

Nas Montanhas dos Gorilas, 1998
(lançado em dvd pela Warner Home Video)

www.slate.com/id/2124503
Cave Thinkers - How Evolutionary Psychology Gets Evolution Wrong, Amanda Schaffer, Slate, 2005

desarme.org/publique/media/homicidios_SP.pdf
Conflitos Sociais e Criminalidade Urbana, Renato Sérgio de Lima, 2003

tristeza na sombra

Como são escolhidas as datas festivas?


Texto: Lidia Neves


Homenagear uma pessoa ou uma categoria profissional, lembrar um dia histórico, aumentar os lucros ou até mesmo tirar sarro de alguém: todos os motivos são válidos na hora de criar um dia festivo. E qualquer pessoa pode inventar o seu.
Já tornar esse dia oficial é mais complicado: é preciso convencer os políticos a bolar uma lei específica para cada dia festejado. O caminho mais comum é que um vereador ou deputado faça um projeto de lei, que deve ser aprovado pelo Poder Legislativo e depois sancionado pelo Poder Executivo. Datas comemorativas também podem ser criadas por imposição dos governantes. Foi de uma canetada de dom Pedro 2º, por exemplo, que nasceu o Dia do Quilo ("comemorado" no dia 25 de junho, lembra a adoção nacional do sistema métrico decimal francês, que usa as unidades de medida quilo, metro e litro). Os decretos de presidentes, governadores ou prefeitos valem para o espaço que cada um governa.
Já os dias internacionais costumam ser aprovados na Assembléia Geral da ONU pelos países membros ou por organizações reconhecidas, como a Organização Mundial da Saúde.
Hoje, no Brasil, há 140 datas e 11 semanas comemorativas nacionais. E isso sem contar aquelas que comemoramos informalmente – e que costumam fazer bem mais sucesso que os dias oficiais.
A Origem de Datas e Festas - Marcelo Duarte, Panda Books, 2005

Dia da Mentira, 1º de abril
Onde se comemora: Informalmente, em todo o mundo.
Qual a origem: A data surgiu na França, em 1564, quando o rei Carlos 9º determinou que o Ano-Novo fosse festejado em 1º de janeiro (até então, a passagem de ano acontecia em 1º de abril, junto com o começo da primavera no hemisfério norte). Quem não soube da decisão ou não gostou da mudança continuou comemorando em abril. Para ridicularizar esses conservadores, alguns engraçadinhos mandavam-lhes presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. A brincadeira chegou à Inglaterra 200 anos depois e, de lá, se espalhou para o mundo.

Dia do Orgasmo, 9 de maio
Onde se comemora: Na cidade de Esperantina, interior do Piauí.
Qual a origem: A idéia original foi de uma rede de sex shops britânica. Em 1999, os ingleses instituíram o dia 31 de julho para discutir satisfação sexual – o slogan da campanha era "atinja, não finja". O ex-vereador Arimatéia Dantas (PT) gostou da idéia e, em 2001, propôs tornar o dia oficial. Este ano, a data virou lei e o prefeito decidiu marcar a comemoração para 9 de maio, um dia depois da sanção. Nessa data, o município promove palestras sobre satisfação sexual, que atraem turistas e recebem cobertura da imprensa internacional.

Dia dos Namorados, 12 de junho
Onde se comemora: Informalmente, em todo o Brasil.
Qual a origem: No Brasil, a data nasceu por intenções comerciais. Como junho era um mês de vendas baixas, o publicitário João Dória sugeriu aos donos da loja Exposição Clipper, seus clientes, que bolassem a tal comemoração para a véspera do dia de santo Antônio, o santo casamenteiro. Isso foi em 1949. Logo todos os comerciantes seguiram a idéia. Nos EUA e na maioria dos países europeus, a data é comemorada em 14 de fevereiro, dia de são Valentim, santo condenado à morte por celebrar casamentos proibidos.

Dia da Pizza, 10 de julho
Onde se comemora: É oficial no estado de São Paulo, mas é comemorado informalmente em várias partes do mundo.
Qual a origem: O dia é celebrado na Itália desde 1889 quando o rei Umberto 1º e a rainha Margherita provaram o prato pela primeira vez. A receita escolhida foi batizada com o nome da rainha e tem as cores da bandeira do país: vermelho (tomate), branco (mussarela) e verde (manjericão). Em 1985, o governo estadual de São Paulo aproveitou a data e promoveu um concurso para eleger as 10 melhores receitas de mussarela e margherita. Depois disso, o dia entrou oficialmente para o nosso calendário.