domingo, 3 de maio de 2009



DE ONDE VEM O NOME BRASIL: DA MADEIRA OU DE UMA ILHA?

Geraldo Cantarino



Em outubro de 1999, tive a oportunidade de ler o artigo,
curiosamente, intitulado "As origens Irlandesas do Brasil", assinado
pelo líder nacionalista irlandês e ex-cônsul britânico na África e
América do Sul, Roger Casement. O texto, escrito em Belém do Pará,
em 1908, e pinçado recentemente dos arquivos da Biblioteca Nacional
da Irlanda pelo historiador escocês Angus Mitchell, defende uma
outra explicação para a origem da palavra que deu nome às terras
"descobertas" pelos portugueses: Brasil. Intrigado, iniciei uma
busca, seguindo os passos sugeridos por Roger Casement, por uma
velha trilha esquecida pela História, digamos oficial, e que me
levaria a um mundo fantástico, riquíssimo em lendas, imaginação e
sabedoria popular. A pesquisa traz à tona uma explicação diferente
daquela que todos nós, brasileiros, aprendemos na escola de que o
nome do nosso país veio do pau-brasil - uma árvore, hoje em
extinção, de onde se extraía um pigmento que tingia de vermelho a
nobreza européia.


Uma centena de livros e websites depois, fica muito claro que a
palavra Brasil, assim, com todas as letras como conhecemos, já
existia muito antes da chegada de Pedro Álvares Cabral nas praias da
Bahia. Ela deu nome a uma ilha imaginária que se acreditava existir
no litoral oeste da Irlanda e que poderia ser vista da beira-mar a
cada sete anos. A tradição é muito antiga, fruto talvez de uma
miragem, e foi incorporada pela cultura dos povos celtas, que
circularam pela Europa há cerca de 3000 anos.


Mais do que um simples punhado de terra cercado de água por todos
os lados, a Ilha Brasil foi um lugar mitológico, mágico, sagrado,
considerado a morada de fadas e divindades. O próprio nome viria de
um semideus, Breasal, considerado o grande rei do mundo e que vivia
no país chamado Hy-Brasil ("Hy" vem de "í", abreviação de island -
ilha). A Ilha Brasil pode ser vista hoje como uma representação
simbólica do chamado "Outro Mundo", uma expressão cunhada pelos
celtas para explicar o inexplicável. A morte, para eles, não
significava o fim. A vida continuava neste outro mundo, que ficava
em algum lugar, aqui na Terra, como a Ilha Brasil, e não no céu
concebido mais tarde pelo Cristianismo.


Na transição do paganismo para a era cristã, a Ilha Brasil ganhou
outros significados e passou a ser considerada como o Paraíso
Terrestre ou a Terra Prometida aos Santos. E foi em busca dessa
terra, que o monge irlandês, São Brandão, teria partido numa
incrível aventura no início do século VI. O relato da viagem, que
segundo alguns pesquisadores teria levado São Brandão e seus
companheiros ao litoral da América quase mil anos antes de Cristóvão
Colombo, aparece em uma centena de manuscritos do século IX. A
fé, a crença e o desejo de encontrar a Ilha Brasil motivaram muitos
marinheiros e experientes navegadores a se lançarem ao mar em busca
dessa terra tão afortunada. Em 1498, a ilha é mencionada na carta de
um diplomata espanhol na Inglaterra comunicando ao rei da Espanha
que várias expedições haviam deixado o porto de Bristol, ao longo
dos últimos anos, à procura de Hy-Brasil. Tudo indica que a Terra
Nova, no Canadá, por onde também estiveram navegadores
portugueses, tenha sido descoberta numa dessas viagens. Acredita-
se que a procura da misteriosa Hy-brasil acabou sendo usada como
desculpa por aqueles que saiam, furtivamente, para pescar em águas
até então não muito conhecidas e riquíssimas em peixes. O nome
Brasil circulava, portanto, pelos portos e embarcações da Europa,
inclusive Portugal, às vésperas da descoberta de Cabral.


A ilha, apesar de nunca ter sido alcançada, existiu nos mapas e
cartas náuticas da Idade Média e Renascimento. A primeira aparição
cartográfica do nome Brasil, de que se tem notícia, foi em 1325, no
mapa de Angelino de Dalorto, 175 anos, portanto, antes do
"descobrimento" português. O último registro em mapas talvez tenha
sido em 1865, o que daria à famosa ilha uma vida longa, de 540 anos,
cercada de muitos mistérios na cartografia européia.


Na literatura, a presença da Ilha Brasil também não foi imaginária.
São muitos os registros que se encontram aqui e ali, com pequenas
variações em sua grafia. O historiador e eclesiástico galês,
Giraldus Cambrensis, ao escrever Topographia Hibernica, em 1188, um
tratado sobre a topografia da Irlanda no final do século XII, já
contava que entre as ilhas ocidentais estava uma considerada
"Phantastica". A Academia Real Irlandesa, em Dublin, tem hoje em
sua biblioteca um manuscrito, provavelmente de 1434, supostamente
trazido da Ilha Brasil, com informações sobre tratamento e cura de
muitas doenças.


Um outro manuscrito irlandês, do final do século XVI, nos conta a
bela história de "O'Brazeel, a Ilha Submarina". O texto é a
descrição de uma formidável viagem a O'Brazeel, uma ilha que teria
afundado na costa irlandesa. Lá, existiria, debaixo d'água, um
pequeno país e um povo feliz. Num outro manuscrito, de 1636,
encontramos a história de um certo capitão Rich e seus marinheiros
que teriam visto uma ilha a oeste do litoral, com cais e
promontório, antes dela sumir por dentro da névoa. Em 1675, a
suposta história do desencantamento da Ilha Brasil ganhou tom de
verdade e virou best-seller na Inglaterra sob o título de "O'Brazile
ou a Ilha Encantada".


No Brasil, poucos foram os autores que se dedicaram ao assunto. O
escritor Gustavo Barroso, primeiro diretor do Museu Histórico
Nacional e presidente por duas vezes da Academia Brasileira de
Letras, foi um dos que foram fundo na questão e publicou, em 1941, o
livro "O Brasil na Lenda e na Cartografia Antiga". Barroso
acreditava na existência de dois caminhos, paralelos e
independentes, para explicar a origem da palavra Brasil: de um lado
estava a ilha e do outro a madeira. Mas, de acordo com a linguagem
técnica do folclore, houve uma intercorrência da "lenda e da
história, da madeira e da terra, do espírito e da matéria", através
da semelhança dos vocábulos.. De acordo com Gustavo Barroso, "a
mania geral de ir buscar para o nome Brasil um berço unicamente na
madeira de tinturaria se vê prejudicadíssima" pela existência
comprovada de antiga lenda, projetada na cartografia.


Surge, assim, um outro caminho para explicar a origem do nome
Brasil. Resta saber qual explicação foi realmente associada ao
batismo das terras descobertas na América do Sul. Para definir a
questão, navegar, e muito, ainda é preciso. Mas, como escreveu
Gustavo Barroso, "não pode haver quem não prefira que o apelido de
seu torrão natal signifique Terra Abençoada, Terra dos Afortunados,
dos Bem-aventurados, of the Blest, do que recorde tão somente o
utilitário e vulgar comércio do pau de tinta."

Valores Éticos e Morais

Fala-se tanto em justiça, honestidade, respeito, ética e moral, mas entre falar e exercer, praticar ou promover tais valores, para muitos, há uma grandiosíssima distância. O que se pode fazer para rebuscar o que parece estar se perdendo definitivamente?
A família, com sua nova estrutura, não assume mais o seu papel de "célula-mãe" da sociedade. E, se é na família que se aprende primeiro, será que não se ensina mais os valores básicos de convivência? Onde está o respeito que é fundamental entre as pessoas, ao meio-ambiente, ao bem público...?
É necessário que se repense os atos, as palavras e os valores antes que o pior aconteça. Não valerá a pena olhar para trás e lamentar o que podia ter sido feito e não foi.
DEUS, no seu imenso amor pela humanidade, deu discernimento a cada homem e a cada mulher para que cada um seja capaz de separar o certo do errado, "o trigo do joio".
Em meio ao ativismo diário, induzido pelo capitalismo em que a vida transcorre, não sobra tempo para cuidar do que realmente importa: a família. Quando se pensa que ainda é manhã, já é noite; quando se olha para o filho ou a filha, pensando que ainda é uma criança, já é uma pessoa adulta e aí não houve oportunidade para ensinar o que é honestidade, justiça, ética, respeito, obediência, tolerância, solidariedade e tantos outros valores. E, para desencargo de consciência, dá-se uma sacudida de ombros e diz: "Ah, o mundo ensinou." Será?! E o que chega aos lares através das mídias, nos telejornais diários, acaba por dar uma idéia clara do que acontece por falta dos valores morais e éticos...

2 comentários:

Pri disse...

Da madeira...

MAC disse...

Com certeza um dos melhores curtas que ja lí sobre Etica, encaixado no conceito familiar e pessoal!
Parabens! ..."Em meio ao ativismo diário, induzido pelo capitalismo em que a vida transcorre, não sobra tempo para cuidar do que realmente importa: a família"(com certeza a melhor)