sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Uma frente avançada das ciências, hoje, é constituída pelo estudo do cérebro e de suas múltiplas inteligências. Alcançaram-se resultados relevantes, também para a religião e a espiritualidade. Enfatizam-se três tipos de inteligência. A primeira é a inteligência intelectual, o famoso QI (Quociente de Inteligência), ao qual se deu tanta importância em todo o século XX. É a inteligência analítica pela qual elaboramos conceitos e fazemos ciência. Com ela organizamos o mundo e solucionamos problemas objetivos.A segunda é a inteligência emocional, popularizada especialmente pelo psicólogo e neurocientista de Harvard David Goleman, com seu conhecido livro A Inteligência emocional (QE = Quociente Emocional). Empiricamente mostrou o que era convicção de toda uma tradição de pensadores, desde Platão, passando por Santo Agostinho e culminando em Freud: a estrutura debase do ser humano não é razão (logos) mas é emoção (pathos). Somos, primariamente, seres de paixão, empatia e compaixão, e só em seguida, de razão. Quando combinamos QI com QE conseguimos nos mobilizar a nós e a outros.A terceira é a inteligência espiritual. A prova empírica de sua existência deriva de pesquisas muito recentes, dos últimos 10 anos, feitas por neurólogos, neuropsicólogos, neurolingüistas e técnicos em magnetoencefalografia (que estudam os campos magnéticos e elétricos do cérebro). Segundo esses cientistas, existe em nós, cientificamente verificável, um outro tipo de inteligência, pela qual não só captamos fatos, idéias e emoções, mas percebemos os contextos maiores de nossa vida, totalidades significativas, e nos faz sentir inseridos no Todo. Ela nos torna sensíveis a valores, a questões ligadas a Deus e à transcendência. É chamada de inteligência espiritual (QEs = Quociente espiritual), porque é próprio da espiritualidade captar totalidadese se orientar por visões transcendentais.Sua base empírica reside na biologia dos neurônios. Verificou-se cientificamente que a experiência unificadora se origina de oscilações neurais a 40 herz, especialmente localizada nos lobos temporais. Desencadeia-se, então, uma experiência de exaltação e de intensa alegria como se estivéssemos diante de uma Presença viva.Ou inversamente, sempre que se abordam temas religiosos, Deus ou valores que concernem o sentido profundo das coisas, não superficialmente mas num envolvimento sincero, produz-se igual excitação de 40 herz.Por essa razão, neurobiólogos como Persinger, Ramachandran e a física quântica Danah Zohar batizaram essa região dos lobos temporais de ''o ponto Deus''.Se assim é, podemos dizer em termos do processo evolucionário: o universo evoluiu, em bilhões de anos, até produzir no cérebro o instrumento que capacita o ser humano perceber a Presença de Deus, que sempre esteve lá embora não perceptível conscientemente. A existência desse ''ponto Deus'' representa uma vantagem evolutiva de nossa espécie humana. Ela constitui uma referência de sentido para a nossa vida. A espiritualidade pertence ao humano e não é monopóliodas religiões. Antes, as religiões são uma das expressões desse ''ponto Deus''.
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."

Não é sem alegria que olho em volta,mesmo nesta hora longa de inventáriosvirtualmente unidos num apenas,atravessando o tempo construídocom paciência, verso a verso, até exaurir o que parece inexaurível.A memória é um largo campocom imagens tão díspares como o voo dos patos ao cair do sole um homem trespassado de estilhaços na selva da Guiné, sem perceberporque a vida se lhe ia com o sangue, talvez selando o peitocom a palavra azar, sem nenhum deusou lugar que o remisse, bicho casualque deveria ter nascido anos depois para tentar a sorte, o carro, a casa,a mulher que o esperava com os dois anéis,a vida degradada e o país podre,com certeza pequenos sinais usadosem prosa de ficção, evitando-se a mãe que chorava em silêncio a sua morte, isto é, o melodrama, precisando:o excesso de verdade, arquétipo difícil.E no entanto não é sem alegriaque olho em volta de mim,por dentro de mim mesmo, e seiter visto algo só meu,as estrelas cadentes do Verão,aquelas que riscavam certas noitese que não mais irão voltar. Não falo das estrelasque atravessam o céu como antes,são meteoritos apenas,mas das noites vividas, horas únicas,não interessa qual a sensação,sequer os sentimentos que seguiamo traço luminoso e breve,interessa a riqueza vária e vagaque juntei e descrevo longamente,ó doce solidão enumerável.







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