sexta-feira, 23 de janeiro de 2009


"Os ventos que às vezes tiram algo que amamos são os mesmos que nos trazem algo que aprendemos a amar. Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim, aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo que é realmente nosso nunca se vai para sempre!..." (Fernando Pessoa)


Depois de quatro anos ...

Depois de quatro anos, me releio. Me dou ao trabalho de reler. Não para corrigir ou mudar. Não farei isso nem tão cedo. Por não ter tempo. Por não ter coragem. Por achar que como está ainda se sustenta. Ao menos por enquanto. Releio minha obra, assim chamada de forma modesta, constrangida até. Não obra de arte, nem obra-prima. Minha obra, tão somente, meu trabalho, meu feito. Chego perto dos quatro anos de Escritor Frustrado, e como sempre me vem junto a crise de escrever o conto de aniversário. Não consigo, mais uma vez, faze-lo. Não um conto novo. Faço de forma pouco criativa um novo texto, mas algo de mim. Algo sem personagens e sem narrativas. Sem final feliz ou triste, sem emoção. Só falo o que me dá vontade, nos dias de completar quatro anos de minhas auto-publicações. E ao me reler, buscando alguns contos perdidos do passado para dar de presente, assisto sem-graça a uma vida passando. Uma vida escrita, em prosa e sem verso, pois não sei versar, nem rimar. Sou contista, não sou poeta. Vejo boquiaberto contos ruins, contos bons, um ou outro realmente excelente. Rio por ter escrito algumas coisas tolas. Me admiro por ter escrito outras. Confirmo que sou péssimo de títulos. Só não os altero pois são parte do conto, são o nome do conto. Refletem minha cabeça na hora de dar o nome. E como faço isso de forma patética. Mas acho engraçado. Passam pela tela do meu computador os Arquivos Completos. Meus amores. Meus amigos. Minhas raivas. Minhas frustrações. Minhas alegrias e felicidades. Tudo junto em míseros 1 megabite de texto. 300 páginas de minha vida. Quatro anos em 300 páginas. Seria eu resumido demais? Ou de menos? Cabe uma vida em 300 páginas? Ou quatro anos de uma vida? Minha vida então teria 1800 paginas? Só isso? Talvez. Quem sabe? Acho pouco. Queria uma vida de pelo menos vinte mil páginas. Acho razoável tal valor para um quarto de século. E vou seguindo assim, mudando de rumo nas coisas que estava escrevendo. Me foco e retorno ao porquê desse texto. Para celebrar meus quatro anos de vida escrita. Com tudo que houve nela. Com Brasília, com Recife, com Paris e com Londres. Com as mudanças do escritor para a capital francesa. Com a mudança do cenário. Todos os cenários, por seis meses foram na França. E a pausa de Londres. Não sei o motivo daquilo. Não sei mesmo. Talvez para eu ter a alegria de voltar a escrever, um belo dia, já de volta em Brasília. A felicidade de repentinamente me inspirar e escrever, escrever, escrever e preencher os espaços vazios com minha vida, mais uma vez, seguindo em frente rumo a mais anos e anos de textos, letras e linhas. Ou simplesmente por não ter tempo. Londres consome. Me consumiu. E parei por um tempo. E hoje estou de volta. Voltei e pretendo não parar, como todas as coisas na vida que já pretendi começar e dar um fim. Algumas consegui, outras não. Quem sabe agora? Prossigo contando meus contos. Para meus cem leitores. Para quem me ler, qualquer um que quiser. Vou em frente, depois de quatro anos, escrevendo minha vida. Sigo proseando minha imaginação. Ainda bem, voltei, continuo e continuarei sendo um escritor frustrado. O Escritor Frustrado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pessoas especiais como nós dificilmente encontram lugar aqui na terra. Não somos compreendidas, não sentimo-nos amadas o suficiente e sim analisadas mortalmente o tempo todo.
Mas fique tranquilo existe um requiém para nós. Sinto muita saudade de ti.. me sinto bem vendo-o todos os dias. Me faz bem aquele seu sorriso que tenta animar-me... mas ainda faremos muitas coisas juntos, projetos, livros, lembra? Espere e verá. O tempo dá voltas incertas para chegar às estradas corretas. Nunca esquece.
Beijos..
não vou assinar... vc sabe quem é..